terça-feira, outubro 24, 2006

Entrevista de Jorge Baldaia aos sUBMARINe


sUBMARINe: A submergir no século XXI

Em "The Next Album" o projecto de Vila Nova de Famalicão abandona o formato duo do passado e assume-se como banda. O resultado é um disco eclético onde electrónica e rock coabitam sem divergências. Mais energético e espontâneo revela uns sUBMARINe a caminho da maturidade e com vontade de explorar novas sonoridades. A música dá-lhes gozo.

Divergências - Em "The Next Album" surgem menos dependentes da electrónica e exploram o formato canção numa perspectiva mais pop/rock. Foi um processo natural de evolução, relativamente aos trabalhos anteriores, ou procuraram seguir as tendências do mercado, onde à postura rock se tem vindo a associar a vertente dançável?
sUBMARINe - Foi uma evolução natural, uma vez que definimos muito bem o que pretendíamos para este disco. Depois, podemos falar em tendências de mercado, porque existia uma necessidade latente de chegar às rádios para depois então encarar os palcos. A postura a que te referes é aquela que não tínhamos na fase anterior em disco, mas que estava bem presente em palco. A atitude rock sempre andou de braço dado connosco. Quanto ao aspecto de ser mais dançante, tem a ver com o facto de sermos virados para as pistas de dança. E se podemos associar as guitarras ao groove mais dançável, porque não?
Divergências – Essa necessidade de chegar às rádios parece ter conseguido resultados. Pelo menos tiveram bastante airplay. Mas, em termos práticos, já sentiram os efeitos dessa exposição?
sUBMARINe - O feedback já se sente pelo número de concertos que fizemos e por aqueles que temos para fazer e, claro, pelas pessoas que vão cantarolando alguns temas. Esta última parte é positiva e também esquisita, porque quando o público canta, por exemplo, o "About you and me", fica aquela sensação de que a canção ganhou autonomia, já não é nossa. Mas isso é muito bom, porque, no fundo, foi para isso que trabalhamos.
Divergências – E as canções do disco resultam muito bem ao vivo. Durante o processo de produção do álbum tiveram alguma preocupação no sentido de criar canções que, posteriormente, pudessem ser transpostas para o palco sem grandes alterações?
sUBMARINe - Enquanto produzíamos o álbum nunca houve a preocupação de saber como resultaria o disco em palco. Quando chegou a altura de trabalhar os temas, para serem tocados ao vivo, apenas o "About you and me" revelou ser um verdadeiro desafio nessa transposição. Em relação a este tema, confesso que pensei que seria mais fácil. Com os restantes não houve qualquer dificuldade.
Divergências - Ao ouvir-se "The Next Album" denota-se consistência nas canções e uma estrutura bem definida. Algo que anteriormente não era evidente. Isto deve-se ao facto de terem conseguido, nos últimos dois anos, manter o esqueleto da banda, sem alterações nos seus membros?
sUBMARINe - A estrutura de composição não se alterou. O que mudou foi o envolvimento dos elementos da banda no processo de gravação. Desta vez todos os músicos disseram "presente", discutiram ideias e tiveram a liberdade de criar à volta das bases definidas. "The Next Album" é um disco dos cinco e não um disco de dois, onde no final apareciam os outros músicos quase como convidados. Neste aspecto, alguns atritos registados entre nós no passado funcionaram de forma muito positiva. Assim, ganhamos todos, quer a nível individual quer como banda, claro.
Divergências - O título "The Next Album" é peculiar e chega mesmo a criar uma sensação de déjà vu. Tem algum significado ou uma mensagem inerente?
sUBMARINe - O álbum era para se chamar "Red Single" e apresentar-se numa capa amarela, uma vez que o single teve capa vermelha e o nome "Yellow Album". Preciosismos de quem gosta de trocar as voltas. O nome escolhido "The Next Album" acaba por entrar nesta última linha de pensamento, enquadrando-se bem ainda que inconscientemente. Depois fica sempre aquela coisa no ar, como será o próximo "The Next...". Se calhar vai chamar-se "The After Album".
Divergências - O álbum é um convite à dança, ou pelo menos abre caminho para tal. No entanto, e como já falamos, abre as portas ao pop/rock. Isto significa que os sUBMARINe estão a espreitar outros caminhos ou, pelo contrário, irão procurar dar sempre um tom "beat" à sua música independentemente das aproximações a outros géneros?
sUBMARINe - A dança vai estar sempre presente, seja em que formato sonoro for. Há um bom par de anos, numa conversa que tivemos contigo no "Está-se Bem!" disse que os sUBMARINe podiam muito bem, de repente, surgir com um disco mais rock, ou mais pop, ou mais dub", no fundo sonoridades que povoam o imaginário dos elementos da banda. Portanto, o "beat" estará sempre connosco. Agora se é rock ou outra coisa qualquer, não se sabe. Mas posso adiantar que já estamos a tocar aquele que provavelmente será um dos temas que iremos editar em single em princípios de 2007. É bem rock e tem "beat"!
Divergências – Umas perguntas antes falou-se do airplay que conseguiram nas rádios. Esperam ter o mesmo impacto com o videoclip "About you and me"?
sUBMARINe - O vídeo é mais um veículo de divulgação. Se conseguirmos coloca-lo nas televisões que se dedicam a este formato será bom. Pena é que, basicamente, exista apenas e só uma que o faz. Estamos a falar da MTV, a que só uma parte das pessoas tem acesso, via cabo. Eu, sinceramente, acho que em Portugal, a nível de televisão, as coisas ficam muito aquém e julgo que há alguns anos estivemos muito melhor neste âmbito. A televisão que deve prestar serviço público raramente o faz e quando o faz, fá-lo ao serviço de tops. De resto, esta é a nossa primeira experiência ao nível da realização videográfica para TV. O Filipe Oliveira (guitarra) e o César Cardoso (baixo) perderam grande parte das suas férias a trabalhar no vídeo e seria muito bom que o trabalho deles fosse recompensado.
Divergências – Também apostaram na Internet na promoção do vosso trabalho. Têm mesmo uma página no Myspace. Acham que a Internet é, cada vez mais, um dos grandes veículos de divulgação da música?
sUBMARINe - O Myspace foi uma das maiores descobertas que fizemos no último ano. Abriu-nos algumas portas em Portugal e no estrangeiro, tanto a nível de editoras como promotoras, entre outros. Apostamos muito neste espaço e quem não o fizer, nas mais diversas áreas culturais e até pessoais, perde imensas possibilidades. A Internet é agora um forte aliado da arte. Os problemas com que a maior parte dos projectos se debatia, em termos de promoção, deixaram de existir e estamos em pé de igualdade com aqueles que têm maior visibilidade, sem querer isso dizer qualidade. Há que aproveitar (é fácil, é barato e poder dar milhões). Nós tentamos tirar o maior partido da Internet no que concerne à promoção do nosso trabalho.
Divergências – Vocês têm tocado bastante ao vivo nos últimos meses. O público tem ocorrido aos espectáculos e reagido de forma positiva?
sUBMARINe - As coisas têm corrido bem. Estamos bastante satisfeitos porque estamos a alcançar os objectivos a que nos propusemos quando partimos para este segundo disco. Os sUBMARINe começam a ser requisitados para concertos e esse é um verdadeiro sinal de reconhecimento em relação ao nosso trabalho. Nos espectáculos o público tem reagido bem e no final há quem venha ter connosco para conhecer pessoalmente a banda e comprar o disco. É muito positivo.
Divergências - Têm alguns concertos marcados para Espanha. Na vossa agenda estão incluídas visitas a outros países?
sUBMARINe - Existe a possibilidade de darmos um salto a França e a Inglaterra e há contactos nesse sentido. Vamos ponderar tudo muito bem e, se tudo correr bem, em 2007 programaremos umas ‘excursões-concerto’ fora de portas. Mas, a prioridade é Portugal.
Divergências – E em relação ao álbum, existem contactos no sentido de o editarem fora de Portugal?
sUBMARINe - Para já existe a hipótese para editar em Espanha, através de uma distribuidora que está no mercado há pouco tempo. A ver vamos.
Divergências - Este disco chamou a atenção para os sUBMARINe. Acham que o "próximo álbum" poderá ser o da afirmação?
sUBMARINe - Logo se verá! Não estamos muito preocupados com a afirmação. Queremos continuar a fazer a nossa música, os nossos concertos e tudo o mais que nos dá gozo. Vamos esperar para ver!

Em: Divergências

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