Quando da edição em CD da obra "Mestre" dos Petrus Castrus, disse aqui que faltava apenas publicar um CD, cantado em português, uma outra obra prima da música portuguesa. Precisamente este "Onde, Quando, Como, Porquê, Cantamos Pessoas Vivas" do Quarteto 1111 - Obra-ensaio de José Cid que, quanto a mim, está a anos luz em qualidade e originalidade quer musical quer poética, de "10 000 Anos Depois Entre Vénus e Marte", considerado a nível mundial uma das melhores obras do rock sinfónico.
"Onde Quando Como Porquê...." só quem não conhece, poderá dizer que não estamos perante uma obra prima sem comparação possível com tudo o que na altura vinha de fora nesta área musical. É rock sinfónico ou progressivo genuinamente português. Se em "10 000 Anos...." vamos encontrar muitas influências dos maiores nomes do rock sinfónico dos anos 70, aqui, estamos perante um álbum tão distinto que representa apenas mais um caminho com toda a originalidade que foi sempre patente na obra musical do 1111. Faltava realmente a edição em CD deste álbum para completar a série de álbuns que fizeram história entre finais dos anos 60 e os anos 70. Para avivar memórias ou, a muitos, dar a conhecer pela primeira vez, um momento fantástico da nossa música. José Cid, baseou-se no poema de José Jorge Letria "Cantamos Pessoas Vivas" e fez o resto das letras e música.
Gravado entre Abril e Maio de 1974, precisamente na altura da Revolução dos cravos, este álbum acaba por sofrer com isso. Não porque não esteja na linha dos ideais de Abril, mas porque na altura a canção de intervenção de muitos nomes que estavam proibidos de passarem na rádio, apareceu no seu auge. Depois porque a estas se juntaram outras canções de protesto marcadamente panfletário que na época eram prioritárias. E se poeticamente toda esta obra tinha muito a ver com a Revolução de Abril, o que é certo e que passou um pouco ao lado da maioria dos amantes de boa música.
Acompanharam neste álbum José Cid (voz e teclas),e os elementos que fizeram parte da última formação do Quarteto 1111. António Moniz Pereira (guitarras), Mike Sergeant (guitarras e baixo) e Vítor Mamede (bateria) que é também o responsável pelas misturas.
Com edição original em 1975, saúda-se com muita alegria o sua publicação agora em CD porque se trata de um álbum que não nos cansamos de ouvir tal é a sua melodia, a sua harmonia, a sua, como já dissemos, originalidade e pelas palavras simples e certeiras tais como: "....Quando passo sobre a ponte deste rio/A quem também chamei de liberdade/E sinto intensamente a alegria/ E encontro, e renasce em mim/ A fonte da verdade, espelho da verdade que me invade/E parto a pensar no meu regresso/ E volto a pensar na despedida/E acordo no país a que pertenço/E aprendo e repito/ A palavra proibida, a palavra esquecida, liberdade".
"Onde, Quando, Como, Porquê, Cantamos Pessoas Vivas" é uma obra fundamental em qualquer discoteca. Não a deixem fugir.Nunca deixem de a ouvir.
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