quarta-feira, março 08, 2006

Música Portuguesa - Divergências - Jorge Baldaia - MissPopMaria

Jorge Baldaia fala sobre a MissPopMaria no Divergências, leiam abaixo ou aqui:

A “Maria” é bela

Escrever sobre música nem sempre é tão fácil como parece. Encontrar o equilíbrio entre o que se pensa (ou como se acredita que as coisas deveriam ser) e a realidade pode tornar-se uma tarefa árdua. Isso e, por vezes, a disposição necessária para transformar opiniões em mensagens contextualizadas e perceptíveis. Passei por todos estes obstáculos antes de iniciar este texto. E confesso que parte da motivação surgiu de uma conversa de café com uma pessoa que me era desconhecida mas que a música aproximou. A “culpa” foi de um artigo que escrevi recentemente. Dei por mim onde nunca tinha estado a falar com alguém, de uma geração anterior à minha, sobre música portuguesa e tudo aquilo que a envolve. Independentemente do que se falou, importa realçar duas ideias que sobresairam desse encontro: não há idade para descobrir a música e é importante tentar chegar às pessoas certas. Algo que devia ser alvo de reflexão pelas gerações mais novas e que, um pouco por todo o país, tentam dar o seu melhor no acto criativo e tentam chegar perto das pessoas que podem, de forma directa ou indirecta, dar a conhecer o seu trabalho. Isso só é possível através da preserverança e do acreditar naquilo que se faz.

Abordando a primeira ideia, a da descoberta, pensei agora que anda por aí muita gente a ajudar outros a descobrirem coisas novas sobre música portuguesa. A recordar o passado também. Por isso, e sempre que achar conveniente, vou procurar chamar a atenção para casos que merecem ser falados. Começo com uma mulher, como não poderia deixar de ser. É sensual, divertida e irreverente. Chama-se Maria.

A Maria é uma autêntica Miss e, se fosse cantora, concerteza seria um ídolo Pop da música portuguesa. Pelo menos tem todos os atributos e medidas para isso. Digamos que é uma mulher completa, não só em termos estéticos como cognitivos. Toda ela tem conteúdo. Escrevo, claro, sobre a MisspopMaria. Um projecto idealizado e concretizado por duas pessoas que pouco sabiam e conheciam sobre música portuguesa e acabariam apaixonados pelos sons nacionais. Mais de um ano depois de tudo ter começado a MisspopMaria dá-se a conhecer através de festas, onde a música é totalmente portuguesa e as projecções de video clips, imagens e filmes também, ou de um blog (http://misspopmaria.blogspot.com) com informação variada sobre música ou eventos relacionados com esta. Um projecto diferente que, além da promoção on line de ideias nacionais, pretende provar que “uma noite portuguesa pode ser bastante divertida”, garantem os impulsionadores da MisspopMaria, Vitor Baptista e André Maia. Para quem ainda não conhece aconselho uma visita ao blog e um salto a uma das suas festas.

Sobre a segunda ideia, a de conhecer as pessoas certas, e que por acaso está a ser alvo de discussão no Fórum Divergências, tenho uma opinião muito clara. As pessoas certas conhecem-se quando se faz um esforço para as conhecer. É preciso saber chegar até elas e isso faz-se com tempo. É preciso criar um “vínculo” musical com elas. Mas isso depende de dois factores. O primeiro é não se ser chato ou inconveniente. O segundo, e porventura o mais importante, é fazer música com qualidade e com contornos de evolução, não só em termos técnicos mas também criativos. Verão que as pessoas certas vos começam a dar atenção e, se tiverem valor, acabam por retirar dividendos. Se um músico se esconde atrás da sombra de “cunhas” ou “sortes” como a causa para não estar a conseguir atingir os seus objectivos nunca vai dar em nada. Tudo tem o seu momento. Há que saber esperar, trabalhar e ter muita paciência. Se o talento e o valor existem mais tarde ou mais cedo aparece uma oportunidade. Infelizmente há quem não esteja disposto a esperar e queira tudo de imediato. Uma carreira não se constrói num dia. Demora anos. A verdade é que a música é uma arte e, como tal, a sua interpretação é sempre muito subjectiva. É-o através do público, dos jornalistas e dos editores. Gosta-se ou não se gosta. Entranha-se ou fica-se indiferente. Discute-se a qualidade ou a falta dela. Fala-se de tudo e mais alguma. Mas acho bem que todos a discutam e ainda bem que é assim e todos temos opiniões diferentes acerca dela. Porquê? Porque é aí que reside a sua beleza. E enquanto se continuar a discutir é bom sinal. Significa que continua bela como sempre. É assim que gosto dela.

Texto por Jorge Baldaia no Divergências.
jorgebaldaia@hotmail.com

3 comentários:

Fabiana disse...

I am so proud!

Elentári disse...

O artigo está muito bem escrito e ainda por cima é tudo verdade! Gostei imenso de ler, parabéns para vocês os dois! Continuem, estão no bom caminho, como podem ver. :)

salomé disse...

Tou com a Fabi! Parabéns, rapazes!